quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Salada na Escola

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(Matéria publicada em 5/10/2008, no jornal Gazeta de Ribeirão)

Dieta vegetal
Cardápio rico em frutas, verduras e legumes tem agradado

ANA LÍGIA VASCONCELLOS
Gazeta de Ribeirão
ana.vasconcellos@gazetaderibeirao.com.br

Giovane, 5 anos, chegou em casa na semana passada e pediu alface e tomate para o jantar. No almoço, a salada bicolor havia feito parte do cardápio da escola e o garoto, que não comia vegetais, experimentou e gostou.

"Foi uma surpresa vê-lo comendo com a professora. Em casa é um horror. Ele fala ‘não gosto, não quero.’ Chegou à noite, ele pediu verdura. O pai ficou bobo" , contou a dona-de-casa Rosa Simão Pinheiro, 42, que também é mãe de Gabriel, 9.

Muitas escolas de Ribeirão Preto têm conseguido um feito que muitos pais já desistiram de tentar: introduzir uma dieta rica em legumes, frutas e verduras para as crianças. Algumas vão além e oferecem cardápio vegetariano. É o caso das escolas Sathya Sai, no Ribeirão Verde, e da Beija-Flor, na Vila Tibério. Em fase de transição, a Waldorf, na City Ribeirão, pretende até o fim do ano tornar o almoço mais próximo do vegetariano.

"O processo é gradativo, requer uma educação alimentar. Não posso simplesmente chegar amanhã e dizer que o cardápio será todo verde" , afirmou Francisco Adriano Araújo, gerente administrativo-financeiro da Waldorf.

Segundo ele, a motivação para a mudança vem da própria pedagogia, que prega uma alimentação mais natural. Na escola, refrigerantes não entram e fritura também não é bem-vinda- os salgados vendidos no intervalo são todos assados e vegetarianos. O arroz é sempre integral e alguns vegetais vêm da horta orgânica. Atualmente, a escola serve opções vegetarianas (torta de legumes, quibe vegetariano e saladas com frutas) e planeja palestras de conscientização para alunos e pais-que também podem almoçar lá.

"É preciso a conscientização para que haja consumo balanceado em casa, não adianta só uma refeição" , disse Araújo, que, porém, não pretende chegar a 100% de vegetarianismo na escola.

Na escola infantil Beija-Flor, os alunos também têm sempre a opção vegetariana-uma lasanha de berinjela, por exemplo. O lanche tornou-se saudável e comunitário. "Optei pelas mães não trazerem chips ou refrigerante. Elas trazem frutas, leite e gelatina" , contou Débora Santos Mazelli, diretora administrativa e pedagoga da escola.

Desde que foi criada, há sete anos, a escola Sathya Sai introduziu o hábito vegetariano nas refeições, por entender que esse tipo de alimentação proporciona uma vida saudável.

Da escola para a mesa de casa

Quem não vai ter problemas em se adaptar ao novo cardápio do Waldorf é Ivan dos Santos, 11, da 5ª série. Vegetariano desde que nasceu, ele diz adorar arroz integral. "Na minha classe todo mundo come carne, exceto eu" , disse. Toda sua família é vegetariana-entre outros fatores, eles são contra a matança de animais.

Outro que não faz questão de carne vermelha é Rafael de Oliveira da Silva, 11, da mesma turma. "Só como em churrasco" , disse. "Gosto mais de carne de soja do que de carne normal."

Para Eloha Santos, 10, também da 5ª série, o vegetarianismo não deve ser imposto. "Acho bom ter alimentos vegetarianos, mas não totalmente sem carne " , disse.

Em casa, a educação alimentar das crianças já começa a refletir. "Eles estão aprendendo a comer muita coisa aqui [NA ESCOLA]que em casa não consumiam, como frutas e passam isso para a gente" , contou Rosa Simão Pinheiro, mãe de Giovane, 5, e Gabriel, 9. (ALV)

Adesão faz bem para a memória

A adesão de crianças à dieta vegetariana previne o surgimento de doenças, faz o intestino funcionar melhor e deixa a memória mais aguçada, afirma Silvia Amaral, chefe de cozinha vegetariana, pesquisadora de alimentos funcionais e coordenadora da Sociedade Vegetariana Brasileira em Ribeirão.

Foi ela quem orientou a mudança de cardápio nos colégios Waldorf e Beija-Flor. "Para as crianças, o ideal é colocar alimentos funcionais, como leite de cereais, aveia, frutas, feijão." E, para compensar a ausência de carne, ela sugere o uso de quinua, grão integral rico em proteína. Segundo a chefe, 100g de quinua tem 2,5 vezes mais proteína do que 100g de bife. "A proteína tem alto valor biológico e é fácil de digerir" , afirmou.

Silvia sugere ainda a substituição de pão feito com farinha de trigo refinado por pão integral. Sua opção vegetariana também traz muitos legumes cozidos, especialmente as raízes, como nhame, cará e mandioca. (ALV)

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Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia!

MAS NA METODOLOGIA DE WALDORF E MONTESSORI, A ALIMENTAÇÃO
NA VERDADE NÃO SERIA TOTALMENTE VEGETARIANA!?